terça-feira, 10 de janeiro de 2017

Resenha: Jogo Perigoso (Gerald’s Game) – Stephen King



Resenha: Jogo Perigoso (Gerald’s Game) – Stephen King


Dizer que Stephen King é o rei (com o perdão do trocadilho) da literatura de terror da segunda metade do século passado, e, porque não, do início desse século, é tão lugar-comum quanto o Maine em quase todos os seus livros. O terror psicológico, com foco nas pessoas em detrimento das situações, tem conquistado leitores por décadas, e é justamente em Jogo Perigoso que King foca todo seu sadismo numa história que ocorre quase que unicamente na mente da personagem principal. E quando eu falo “quase unicamente” é “quase unicamente” MESMO! Sério, se o livro tiver 4 cenários (fora da mente da personagem) diferentes, é muito. Isso deu a Jogo Perigoso o apelido de “o livro infilmável de Stephen King”, o que não parece ser verdade, já que há boatos de que, enquanto vos escrevo essa resenha que vós leis, já estão filmando o maldito filme (série, na verdade)! Enfim, infilmável ou não, não significa inresenhável, então vamos analisar essa obra do mestre do terror.


Publicado nos EUA em 1992 e trazido ao Brasil pela Objetiva em 2000, Gerald’s Game é um livro de suspense e terror. Nele, acompanhamos Jessie Burlingame, uma mulher de meia idade que não se acha mais tão bonita quanto antes e que, para agradar o marido, Gerald Burlingame, aceita os “joguinhos” sexuais dele (basicamente bondage [se não souber o que é isso, procure na wikipédia, não no google imagens, por favor!]). Esses joguinhos, de início, são inofencivos (a coisa se resume a lenços), mas, ele tem planos mais, digamos, ambiciosos. O livro começa com os dois no quarto da casa de verão (a boa e velha casa do lago, isolada de tudo e todos) e Jessie já algemada à cama. Então, Gerald aparentemente sobre um ataque cardíaco e cai (morto?). É aí que começa o desespero da protagonista: algemada num quarto com um homem morto e longe da civilização.


O livro não é longo, porém, se você não gosta de romances psicológicos, pode ser beeeeem maçante. Quase tudo se passa no quarto com Jessie algemada, nessa situação, ela começa a rememorar situações de sua infância, traumas e, porque não, o motivo que a fez aceitar e ser tão submissa ao marido por tantos anos de casamento. Além de conversar com as diversas vozes em sua cabeça (sua mãe, sua amiga de faculdade, ela mesma quando jovem, etc).


Não há muito o que se discutir no que diz respeito as personagens, porque a única personagem real (na maior parte da narrativa) é Jessie e ela funciona muito bem, causa empatia e evolui no decorrer da trama. Entretanto, uma menção que tem que ser feita é a Ruth Neary, a tal amiga da faculdade, uma feminista militante que não tem a menor paciência com as atitudes de “fraqueza” de Jessie.


No frigir dos ovos, Jogo Perigoso é um livro insuportável para quem não gosta de romances psicológicos, mas, para quem gosta de profundos mergulhos na mente humana, é um prato cheio de sadismo, traumas de infância e o mais puro horror psicológico.


(Ah! Como é insuportavelmente bom ser humano!)

Nota: 7.5/10